Filipe Melo e João Pereira recriam o universo sonoro para a emblemática obra de Chris Marker numa sessão especial que conta também com narração de Beatriz Batarda.
“Quando surgiu este convite para cruzar a música com o cinema, a escolha deste filme foi muito intuitiva e praticamente imediata. Feito em 1962 pelo jornalista, artista e poeta Chris Marker, La Jetée é mais do que um filme, é uma experiência revolucionária de enorme criatividade, que, cruzando várias artes, representa na perfeição o espírito inovador da Nouvelle Vague. O filme desafia o próprio conceito do cinema enquanto imagem em movimento: através do recurso narrativo de fotomontagem (cerca de 200 fotografias em 26 minutos), conta-nos uma parábola pós-apocalíptica com uma premissa simples - um homem é obrigado a viajar no tempo para encontrar uma solução para o destino da humanidade. No entanto, esta viagem sombria oferece-nos também uma sofisticada reflexão sobre o tempo, a infância e a memória.
Em La Jetée, a imobilidade das imagens contrasta com a enorme força poética e dinamismo da narrativa, colocando uma enorme interrogação sobre o próprio conceito de mise-en-scéne. A originalidade do filme fez com que se tornasse rapidamente um marco na história da ficção científica, tendo inspirado filmes como 12 Monkeys ou Ghost in the Shell. A natureza cíclica, o carácter experimental e a modernidade estética, tal como o espaço que confere ao espectador, oferecem a tela ideal para recriar o universo sonoro do filme e ouvir a história recontada pela voz da Beatriz Batarda.”
Filipe Melo
Com Beatriz Batarda, Filipe Melo e João Lopes Pereira
M/16