SAL é um conjunto de quatro canções em formato de piano e voz inteiramente gravado em casa, composto por um original e três temas que costumam fazer parte do alinhamento dos concertos ao vivo mas que, até aqui, ainda não tinham sido editados.
“Este EP surge de uma urgência de abraçar a música na sua forma mais crua. Os meus últimos dois trabalhos de estúdio, o álbum “bpm” e “Vertigem”, o tema que fiz com o Agir, são registos revestidos de muitas camadas, com muito trabalho de produção. Depois destas duas experiências senti uma necessidade quase visceral de descer à realidade, voltar a casa. E foi precisamente em casa que gravámos estas 4 canções. Este disco sou eu no meu espaço, a cantar e tocar piano como faço todos os dias. Os defeitos técnicos do instrumento, as minhas fragilidades enquanto instrumentista, a minha voz que aqui se encontra a descoberto e, por isso, mais exposta à falha, constituem a essência desta espécie de mini-documentário musical do meu quotidiano doméstico. A integração do imprevisto e das circunstâncias, são também elementos que expõem a música à verdade: o cão que ladra lá fora, o som do eléctrico a passar na rua.
Três destas quatro canções são temas que costumo tocar ao vivo nos meus concertos, mas que até agora ainda não tinham sido editadas. Uma versão de “Isso e Aquilo” (Iso Fischer / Guilherme Rondon De Barros); “Tristeza dos Dois”, uma música do Bernardo Sassetti, com letra da Luísa Sobral e “Estrada Dividida”, com letra e música também da Luísa. A elas junta-se “Canção para Aïda”, um original, com letra minha e música do Leo, que dedico à minha filha que aí vem. Todo este disco, inteiramente composto por baladas, foi pensado para que um dia ela o pudesse ouvir. Enquanto que nos meus concertos ao vivo gosto de transmitir e despertar todo o tipo de emoções humanas, aqui interessavam-me somente transmitir sensações de paz e serenidade.
Todas as fotografias que ilustram este projecto foram tiradas pela Jenna numa câmara analógica. Por todos os motivos que mencionei acima, para este projecto que remete para o espaço privado e íntimo, não poderiam ser de outra pessoa. Não há vídeos ou imagens em movimento, porque não queria condicionar a percepção das pessoas. Gostava que embarcassem nesta viagem de cabeça livre e coração aberto. E que se sentissem em casa.”
Foto © Jenna Thiam