Figuras de referência da música produzida em Portugal têm em “Os Raros” um momento de invulgar comunhão: canção escrita em dois passos temporais diferentes, que se encontram no engenho lírico próprio, que só o melhor letrista da sua geração – Samuel – poderia imprimir a uma música feita pelo mais versátil músico nacional – Benjamim – sintetizando de maneira perfeita as identidades dos dois cantautores nesta sua primeira colaboração criativa. Profundos conhecedores da arte de “fazer canções”, embarcam numa jornada sonora pelo classicismo da pop/rock executada de forma tão autêntica e exímia que o resultado coloca “Os Raros” no extremo da contemporaneidade.
Fez sentido que, como diz a letra, fossem “mais de mil” a carregar o refrão com Benjamim e Samuel Úria. Daí a presença de vários amigos, coincidentemente talentos inegáveis da música portuguesa, também nesta celebração. São eles: António Vasconcelos Dias, B Fachada, Beatriz Pessoa, Carolina Bernardo, Catarina Portugal, Francisca Cortesão, Joana Espadinha, Pir (Cassete Pirata), Margarida Campelo, Mariana Norton, Miguel Quelhas, Noiserv, Rita Cortesão Monteiro, Selma Uamusse, Tipo, Velhote do Carmo e Vera Vera-Cruz. À instrumentação assegurada por Benjamim, juntou-se João Correia, seu colaborador habitual e mentor de Tape Junk, na bateria.
Ainda que uma estreia em termos criativos, esta não é a primeira vez que Benjamim e Samuel Úria se cruzam artisticamente: a par de uma amizade longa e da admiração mútua, alguns encontros já foram concretizados em palco, o último dos quais em Janeiro passado no Teatro Maria Matos, aquando do “Conta-me Uma Canção”. Aliás, terá sido a partir deste “concerto/conversa” que o desejo de uma colaboração mais ampla se terá solidificado, agora concretizado com “Os Raros”.
Contamos hoje um ano de actividade que nos brindou com o muito antecipado álbum de estreia de Margarida Campelo, Supermarket Joy – que teve ontem a sua primeira apresentação ao vivo em casa cheia no B.Leza. O primeiro registo em nome próprio de uma das mais requisitadas artistas da sua geração contou com a produção de Bruno Pernadas, entre outras colaborações, e tem sido amplamente reconhecido pela crítica. Demos também as boas vindas a Beatriz Pessoa, com a edição do seu segundo longa duração, PRAZER PRAZER. O álbum produzido por Marcelo Camelo contou também com a colaboração de artistas como Mallu Magalhães. Margarida Campelo e Beatriz Pessoa fazem parte do alinhamento do Primavera Sound no Porto. O EP de estreia de Velhote do Carmo, Páginas Amarelas foi editado digitalmente em Novembro. O primeiro single, lançado ainda no Verão, garantiu-lhe entrada directa na colectânea Novos Talentos Fnac. Velhote do Carmo é um dos nomes confirmados no Fnac Live no próximo mês de Junho. Recorde-se ainda que a editora abriu as portas com o duplo lançamento do single de Benjamim “Estrada da Luz” e do remix dos Mirror People para o tema “Incógnito”.
Discos Submarinos, a emergir.